terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um dia sem usar o carro

Meio ambiente // Campanha mundial propõe mobilização para diminuir impacto da poluição nas grandes cidades


Um dia Davi acordou e resolveu visitar a namorada de bicicleta. Ele mora em Casa Forte, ela em Maria Farinha.

Foram 30 quilômetros pedalando. Atitude tão bem recompensada que ele não parou mais. Há cerca de dois anos, Davi Pires, 23 anos, trocou o carro pela bicicleta em quase todos os trajetos. Tornou-se um exemplo que pode ser copiado a partir de hoje. No Dia Mundial Sem Carro, ele mostra que não é preciso ser atleta ou ter equipamentos especiais para adotar um modo de vida mais saudável. Basta levantar da cama com a decisão de mudar, reduzindo o caos no trânsito das grandes cidades e a poluição do ar. As atenções da namorada devem ter sido redobradas naquele dia. Mas ele também sentiu-se melhor fisicamente e mais leve com o meio ambiente.

"Eu era sedentário como a maioria das pessoas, mas resolvi tentar e fui de vez. Não podemos ficar esperando o governo, a estrutura básica é a rua. Só precisamos ter cuidado e educar os motoristas", diz Davi, estudante de mestrado no Centro de Computação da Universidade Federal de Pernambuco. O percurso de 30 km sobre duas rodas continuou em sua rotina. Por dia, ele percorre essa média indo de casa para a faculdade e o trabalho. As exceções acontecem quando vai a um destino mais longe ou precisa levar uma carga muito grande. "Esse é o único meio de transporte que conheço que dá vontade de sair de casa para andar", conta, acrescentando que chega em casa mais disposto e menos irritado do que quando usava ônibus ou carro.

E quem acha que Davi é minoria se engana. A estudante de arquitetura Simone Mendes, 25, é outro exemplo e já convenceu outros dois amigos. "Uso para tudo, vou ao cinema, à livraria e fazer compras. É sempre mais fácil e agradável", ressalta. Há menos de um ano, ela se mudou da Torre para o centro do Recife e achava que ia andar menos de bicicleta. Se surpreendeu. "Achei que não daria porque são muitos carros, mas é melhor ainda porque é tudo perto", comenta. Quem adota o hábito tem na ponta da língua oscuidados necessários, como andar sempre na faixa da direita, na mão dos carros e com roupas claras, especialmente à noite. "É preciso confiar que está sendo visto e o número de ciclistas vem aumentando. Faço a minha parte", diz.

Participação - O Instituto Akatu, que está organizando mobilizações em São Paulo, destaca que os sistemas de transporte correspondem à principal fonte de gás carbônico nas maiores cidades brasileiras e representam quase metade do consumo de petróleo no país, na forma de diesel e de gasolina. Segundo os cálculos da ONG, 100 pessoas que andam 10 km por dia sozinhas no carro emitem 75 toneladas de CO2. Na manhã de ontem, professores e alunos do Colégio Americano Batista foram às ruas convidar a população a deixar os carros em casa hoje. A estudante Yohanna Bittencourt, 15, conta que os motoristas disseram que iriam participar. "Quanto mais a gente colaborar e fizer isso sempre, mais saudável vai ficar o planeta", afirma. No discurso, os motoristas disseram que participariam. Resta ver oresultado nas ruas e esperar que quem não deixou o carro em casa hoje, deixe amanhã.

O movimento e suas ações

- O primeiro Dia sem Carro surgiu na França em 1997. Desde então, a mobilização se estendeu a vários países e chegou ao Brasil em 2001. Em 2005, cerca de 43 municípios aderiram, como São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e Salvador

- No Recife, representantes do Fórum de Reforma Urbana de Pernambuco (Feru) farão uma panfletagem, a partir das 8h, no cruzamento da Avenida Agamenon Magalhães com a Praça do Derby

- Em Curitiba, o trecho mais central de uma avenida principal será fechado para carros. Apenas ônibus, bicicletas e pessoas a pé terão acesso. Uma longa programação com peças de teatro, exposições e outras atividades está programada

- Em São Paulo, a programação começou na quinta-feira passada e vai durar uma semana. Estão previstas mostras de filmes, debates, exposições e panfletagem com dicas e sugestões sobre formas mais sustentáveis de se mover na cidade.
(Diario de Pernambuco)

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