quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Jovens definem políticas públicas


Delegados eleitos em seus municípios participam de Conferência Estadual no Centro de Convenções

O sotaque é o mesmo, mas a ideia é fazer a diferença. Quando chegarem a Brasília, no início de dezembro, quinze adolescentes pernambucanos terão uma oportunidade histórica: vão participar da construção do Plano Decenal da Política de Atendimento dos Direitos da Criança e do Adolescente junto com jovens representantes de outros estados brasileiros. O documento vai servir de norte nos próximos dez anos para os governos estaduais e federal planejarem políticas públicas de promoção, proteção e defesa dos direitos de meninos e meninas em todo o país.

Eleitos delegados em seus municípios, os adolescentes participaram ontem do primeiro dia da 8ª Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, no Centro de Convenções. O evento acaba hoje, quando seus participantes chegam a um consenso sobre que propostas vão levar para a conferência nacional, em Brasília.

Do Sertão à Zona da Mata, passando pelo Agreste e capital, as reivindicações sãovariadas. "O governo tem que investir mais na educação. O pessoal que participa do Projovem lá no meu município está desistindo de ir. Preferem trabalhar porque acham que o valor da bolsa é muito baixo. Também reclamam que devia ter informática, mais tecnologia no Projovem", comentou Daniele Araújo, 16 anos, de Vicência, na Zona da Mata Norte.

Arte e cultura para os meninos e meninas. Essa é a bandeira de Crislaine de Freitas, 16, atriz do grupo teatral Vid'art, de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata Sul. "Fazemos peças teatrais para as crianças, trabalhamos para passar educação e não somos reconhecidos pelo governo com incentivos", criticou. Jackson Almeida, 12, vai a Brasília representando o Recife. "Quero que os direitos e deveres das crianças saiam do papel. Principalmente nos abrigos", disse, se referindo à Funase, que abriga crianças e adolescentes em conflito com a lei. Do Sertão vem a queixa infantil que clama por mais infraestrutura. "Tem obra que começa e não termina. Isso aconteceu com um parque para as crianças que hoje está abandonado no meu município", queixou-se Victor de Sá, 12, de Salgueiro.
Antes da conferência estadual foram realizadas seis etapas regionais: Agreste I e II (Caruaru), Sertão I e II (Salgueiro e Afogados da Ingazeira), Mata (Vitória de Santo Antão) e RMR (Recife). Entre as principais propostas discutidas até agora estão melhoria de infraestrutura dos conselhos de direitos e tutelares, capacitação continuada dos profissionais do sistema de garantia de direitos, regionalização da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente- (GPCA), regionalização das Varas da Infância e instalação de equipe multiprofissional nos conselhos.

Para Rosa Barros, presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente (Cedca), é importante que se leve a Brasília o problema da falta de articulação entre os diversos segmentos que lidam com a criança e o adolescente. "Tem município, por exemplo, que não executou a liberdade assistida com jovens em conflito com a lei porque simplesmente não houvedemanda do Judiciário", disse. Na liberdade assistida, o jovem cumpre medida sócio-educativa em regime aberto, mas com acompanhamento de uma equipe multiprofissional. O Cedca apoia financeiramente municípios que desenvolvem projetos nesse sentido.
(Diario de Pernambuco)

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