quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cada um tem o lixo que merece

Composteira doméstica permite tratar o lixo orgânico no quintal de casa e aproveitar o material como adubo para as plantas

Para quem vive na cidade, toda a matéria orgânica produzida pode ser reutilizada e transformada num excelente adubo ou composto. Para isso, a compostagem é a melhor maneira de dar um destino útil aos resíduos orgânicos, diminuindo ainda cerca de 60% do lixo das casas. Ao contrário do que pode parecer, o processo é bastante simples. O engenheiro químico e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Antônio Carlos Duarte Coelho e seu ex-aluno Emanuel Monteiro da Silva Júnior, desenvolveram uma câmara de compostagem doméstica que usa um processo simples, prático e eficaz para o aproveitamento desse material.

A chamada Composteira Doméstica é formada por uma câmara para depósito de resíduos sólidos orgânicos que impede o acesso de crianças, animais domésticos, animais silvestres, roedores, insetos e vetores de doenças de quaisquer naturezas, impossibilitando contaminação, alimentação, reprodução ou veiculação de enfermidades. Apesar de totalmente lacrada contra agentes externos, a produção de gases dentro da câmara não faz com que ela estoure ou sofra dano algum em sua estrutura, pois sua tampa folgada permite a eliminação desses gases. “O processo é fácil. As donas de casa ou secretárias do lar juntam todo o lixo da cozinha e colocam na composteira. Esse material - em contato com a terra - vai ser decomposto, formando uma pequena quantidade de chorume. Com a decomposição os resíduos adubam o solo e ainda diminuem o lixo doméstico, barateando o serviço público de coletas”, explicou Antônio Duarte.

Saiba mais

Monte sua composteira

1. Reserve um recipiente, em sua cozinha, apenas para o descarte de resíduos orgânicos. As embalagens ou objetos de plástico, vidro e metais deverão ser descartados em outro recipiente.

2. Escolha um canto no seu quintal, de preferência à sombra e em uma região mais alta, onde você montará sua composteira.

3 – Compre um cesto grande de plástico, como um cesto de roupa suja ou um grande balde.

4 – Enterre o cesto no local escolhido de cabeça para baixo, ou seja, com a parte aberta no chão. È importante que o recipiente seja enterrado até metade de sua altura

5 - No outro lado, abra um buraco central de cinco centímetros de raio. A tampa do cesto será usada como tampa da composteira..

6 – Ao redor da composteira coloque folhas secas e pedras. Elas evitam odores fortes.

7 - Deposite na composteira o material orgânico, já separado do lixo.
Para montar a composteira é preciso apenas que as residências possuam jardim ou quintal, pois a composteira deve ser colocada na areia, com a parte de baixo enterrada. Uma boa pedida para casas de campo ou de praia, condomínios e até restaurantes com áreas amplas. “A ideia era evitar que a dona de casa perdesse tempo fazendo muitas operações. Fiz todo desenvolvimento em minha casa, onde, até hoje, os protótipos funcionam”, reforçou o professor Antonio Carlos.

Segundo ele, esse tipo de projeto tem importância pública, pois o volume dos resíduos sólidos urbanos é tão grande que “seria capaz de soterrar países inteiros”. Ele aponta dois benefícios diretos para a composteira doméstica: primeiro para as donas de casa que se veriam livres tanto de odores quanto de indesejáveis transmissores de doenças, como ratos e baratas; segundo para a prefeitura, pois haverá uma grande redução na massa de lixo transportado. Como as empresas coletoras são pagas por tonelada transportada, haveria uma grande redução nos custos municipais “, completou.

O professor comentou ainda que cada composteira leva em torno de seis meses para encher, isso para uma família de cinco pessoas. “Logo, é preciso instalar duas composteiras por casa. Quando uma tiver enchido, a família utiliza a outra e, nesse tempo, a primeira já estará vazia novamente”, completou. O direito de reprodução da composteira, que pertence a UFPE, está à disposição para ser vendido a empresas da área de plástico, sobretudo reciclado.
(Diario de Pernambuco)

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