terça-feira, 8 de setembro de 2009

“Excluídos” ganham voz no Centro

Movimento do Grito atraiu multidão para passeata que saiu da Boa Vista
DUAS mil pessoas participaram do evento e pediram melhores condições de vida e medidas contra a violência


Enquanto o tradicional desfile de 7 de Setembro acontecia na avenida Cruz Cabugá, em Santo Amaro, com a apresentação de integrantes das Forças Armadas, unidades de ensino e instituições ligadas ao Estado, em vias próximas, no Centro da cidade, pessoas ligadas a movimentos em defesa dos negros, gays, idosos, aposentados, sindicalistas e representantes de partidos políticos, entre outros segmentos da sociedade, realizavam o Grito dos Excluídos. O movimento tem como objetivo expressar a insatisfação da sociedade civil com os problemas que a exclusão traz para a população.

A preocupação com o desemprego e o preconceito foi um dos temas mais discutidos. “São pessoas pobres, sem direito à educação, saúde e uma vida digna. Elas precisam ter seus direitos como todo mundo. Muita gente ainda é tratada como se estivéssemos no tempo da escravidão”, declarou um das coordenadoras do Grito dos Excluídos, Nadja Urt.

A caminhada teve início na Praça Oswaldo Cruz, percorreu as avenidas Conde da Boa Vista, Guararapes, parte da Cruz Cabugá e terminou no Pátio do Carmo. Aproximadamente duas mil pessoas, apoiadas por dois trios elétricos, protestando com panfletos e faixas, reivindicavam, principalmente, melhores condições de vida, ações contra a corrupção na política e pela redução da violência. O movimento teve como tema ‘A força da transformação está na organização popular’. A caminhada foi acompanhada por 58 homens do Batalhão de Choque e do Batalhão de Polícia Militar de Trânsito (BPTran).

O Grito dos Excluídos do Recife, que foi formado em 1995 por integrantes da Igreja Católica, contou pela primeira vez em sua história com a participação de um arcebispo de Olinda e Recife. Dom Fernando Saburido esteve presente até a metade do percurso. Autoridades políticas como os deputados federais Fernando Ferro e Paulo Rubem também acompanharam a caminhada.

Tremulando uma enorme bandeira com as cores do arco-íris (símbolo gay), vários integrantes do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros) também estiveram presentes na caminhada. Um dos coordenadores do Movimento Gay Leões do Norte, Wellington Medeiros, contou que participa da passeata há cerca de sete anos, mas que se sentiu mais representado na passeata este ano. “Estamos também mostrando o rosto nesse tipo de evento. O preconceito ainda é muito presente em relação aos homossexuais”, comentou.

O presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Antônio Jordão, destacou que a participação da classe no evento é importante para chamar a atenção sobre os descasos do governo com a saúde pública. “Aqueles que têm consciência de que a exclusão está presente em tudo precisam lutar por melhorias. Direitos básicos, como o atendimento médico decente, as pessoas às vezes não têm”, desabafou.
(Folha de Pernambuco)

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